Em 2010 tivemos uma grande surpresa com o lançamento de "New Generation" da banda Auras de Curitiba. A gravadora italiana Frontiers Records acertou em cheio e contratou os brasileiros para dois álbuns, um deles em pleno processo de gravação. "New Generation" agradou público e crítica em diversos países e, surpreendentemente, pouco disso é divulgado na mídia do Brasil. Para se ter uma ideia do talento dos curitibanos, até Jimi Jamison (Survivor), Bobby Kimball e Fergie Frederiksen (Toto) já gravaram músicas feitas pelo Auras. Como o papo foi longo, resolvi dividir em duas partes esta entrevista com Gui Oliver, vocalista deste novo orgulho do rock brasileiro. (Denis Freitas)
Parabéns pelo cd! Já se passou três anos, mas ainda fico impressionado quando ouço as músicas do “New Generation”, tem muita qualidade. Como tem sido a repercussão em outros países? Vocês já tocaram fora do país? Recebem propostas?
ENTREVISTA (Part I)
Parabéns pelo cd! Já se passou três anos, mas ainda fico impressionado quando ouço as músicas do “New Generation”, tem muita qualidade. Como tem sido a repercussão em outros países? Vocês já tocaram fora do país? Recebem propostas?
Obrigado, mas é muito
estranho cara. Gravamos o cd, fizemos uma coisa bacana, mas a galera não
valoriza muito, principalmente aqui em Curitiba. Demos muitas entrevistas para
fora, Estados Unidos, Alemanha, rádios... foi bem legal, ainda recebemos vários
emails perguntando sobre o novo cd. Quase fui para o Melodic Rock Fest, mas
acabou ficando em cima da hora, é difícil por conta de que ainda não somos uma
banda completa...
Com respeito à formação da banda, gostaria que esclarecesse
esse “mistério”.
No encarte aparecem apenas você, o Ferpa Lacerda (guitarra) e o Edu Sallum (bateria).
Fale um pouco dos músicos e da formação da banda.
No encarte aparecem apenas você, o Ferpa Lacerda (guitarra) e o Edu Sallum (bateria).
Fale um pouco dos músicos e da formação da banda.
Sim (risos), eu era guitarrista, mas comecei a cantar na banda que eu
tinha, sofri um pouco, mas agora me sinto mais à vontade. O Fernando (Ferpa)
era baterista, mas virou guitarrista, pois era muito difícil transportar a
bateria (risos). O legal é que nossas ideias batem e a gente se dá bem. Também
temos o Matheus que é um guitarrista muito bom, então ele é quem fez os solos.
E tem o Edu Sallum na bateria, que já não está mais com a gente. Quando
decidimos gravar, foi difícil formar a banda, tivemos que ir atrás de outros
músicos. O Matheus gravou a guitarra e depois conhecemos o Edu, que gravou a
batera. Aparecem apenas os três (eu, Ferpa e Edu) na foto, pois foram os que
investiram mesmo na banda.
A gente tinha uma
banda cover chamada I ON U,
tocávamos músicas do The Storm, as
pessoas gostavam e achavam que era música nossa (risos), mas eu sempre gostei
de compor e parecia que aquilo não era suficiente para gente.
Todos os instrumentos são
brilhantemente executados e pensados nos mínimos detalhes no cd. Porém, os
teclados me chamaram bastante atenção. Eles estão por toda parte em diversas
camadas nas músicas, em arranjos muito bem feitos, com muito capricho e
variação. Foi o Filipe Beyer o responsável?
Começamos a compor e
sempre fomos muito “chatos”, com atenção nos detalhes, é tudo pensado mesmo,
tem coisas que a gente escutava e reparava “olha, o produtor fez isso aqui...”
e tal.
Quanto ao tecladista
Filipe Beyer, sim, o cara é muito bom, ele toca em uma igreja daqui, faz
gravações, só que é um cara de estúdio, infelizmente. A gente quis ele na
banda, mas sabemos que não é possível. Apesar de ele ter colaborado com várias
ideias, tivemos que guia-lo, pois ele é de uma escola diferente. Não só com
ele, mas também demos direcionamento ao Matheus e ao Hemerson (baixo), pois não
é o estilo deles. Mas o Felipe é muito bom e colaborou com muitos sons legais
nas músicas.
As
letras das músicas são muito bem escritas e, mesmo que não fuja de temas de
amor, até por causa do estilo, você consegue usar modos diferentes de escrever.
Eu escrevi todas as
letras e as músicas eu fiz em parceria com o Fernando. Foi legal escrever estas
letras, mas a gente amadurece, para o novo disco estou com novas ideias para
letras, penso que se vou deixar um trabalho gravado, que seja algo
relevante.
Clipe de "Beauty of Dreams"
Como é a cena em Curitiba? Tem espaço
para tocar?
Aqui ainda tem aquilo de que “banda de som
próprio” não é legal, então é meio complicado. Aqui para a gente é muito
difícil, às vezes abrimos para algumas bandas, em bar eu até entendo que seja
mais difícil, afinal é o negócio do cara... O ano passado abrimos para o Petra no MasterHall aqui em Curitiba,
tinha muita gente, só que foi um problema porque não éramos do mesmo estilo que
eles e sentimos uma certa hostilidade.
Como
foi o contato com a Frontiers Records?
Bem, a Frontiers não
recebe material de ninguém, eles escutaram nossas músicas no My Space e nos
ligaram pedindo que enviássemos material para eles. Após um mês, nos enviaram
um e-mail e o próprio Serafino nos ligou, foi meio surreal (risos). Mas eles
são muito antenados, se você tiver um material bom e divulgar, eles vão acabar
te encontrando.
Vocês
já tocaram em São Paulo ou Rio de Janeiro? Gostariam?
Ainda não tocamos em São
Paulo ou Rio de Janeiro, mas gostaríamos sim. Além do nosso problema de
formação, tivemos um problema sério com a distribuição de cds para divulgação.
Nós iríamos receber cerca de 200 cds para divulgar, mas o material chegou e
ficou preso na Receita Federal. Tentamos pedir ajuda da Frontiers, mas foi complicado,
pois precisávamos que não tivessem as caixas dos cds e a gravadora disse que
sem a caixa e o selo não era possível, então acabou que não conseguimos trazer
cds para divulgar. Mesmo tentando através da Receita Federal, explicando que
temos uma banda e que era material de divulgação com documentação, contrato e
tudo, eles não liberaram. Tentamos lançar o trabalho aqui através da Helion
Records, mas acabou não dando certo. Então tudo isso torna as coisas difíceis
para tocarmos.
Recebemos várias
críticas positivas do mundo todo, mas você acaba ficando engessado para fazer
qualquer coisa, então muita banda acaba lançando cd por conta própria, ficando
com mais controle das vendas, acho que o rumo vai ser esse. Hoje temos
facilidade de gravar, inclusive montamos nosso próprio estúdio.
Para
mim, o cd de vocês é um dos melhores do estilo já feitos no Brasil. Não me
lembro de ouvir um cd tão bem executado e gravado no estilo mais AOR/Melodic Rock.
Do mesmo nível só me lembro do Silent e também do álbum do N.O.W., lançado no
mesmo ano que o de vocês.
Sou amigo dos caras do Silent.
Quando o Gustavo (vocal) saiu da banda e foi morar nos EUA, o Tilly (baterista)
me chamou e gravamos umas demos para o que ia ser o segundo disco. Fui para o
Rio gravar, mas no fim as coisas deram uma esfriada. Então o Gustavo voltou dos EUA e eles
montaram uma banda chamada Repplica, com letras em Português. Os caras são muito
bons... O guitarrista Alexandre faleceu nas enchentes do Rio de Janeiro. Fiquei muito triste quando soube da morte do Alexandre, tinha ficado na
casa dele quando fui ao Rio, era um grande músico. Eu estava até pensando em
regravar algumas músicas do Silent, pois aquilo é muito bom e tão pouca gente
conhece...
Em breve - part II
Em breve - part II
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